A Psicanálise e “O NÃO” que algumas pessoas dizem à Psicanálise

Ao chegarem a nós certas críticas à psicanálise com argumentos que pretendem desclassificá-la, temos algo a dizer sobre o que a psicanálise não pode ser.

Basta saber das coisas que não devem ser para que uma pessoa possa reconhecer que esse campo se presta a muitas INTERPRETAÇÕES. Dizemos ISSO em múltiplos sentidos que podem estar em CONDENSAÇÃO ou em DESLOCAMENTO, mas afinal, o que o EU do psicanalista tem a ver com ISSO?

Contudo, acredito que vale a pena esclarecer e que o melhor modo de fazer ISSO é falando de REPRESENTAÇÕES DE COISA usando REPRESENTAÇÕES DE PALAVRA para que as primeiras se convertam do INCONSCIENTE para o CONSCIENTE.

Torço, mas sem PERVERSÃO, para que me entendam.

Dirá alguém que na verdade tudo ISSO é RESISTÊNCIA advinda de um TRAUMA!

VERDADE? Mas, para a psicanálise não pode haver VERDADE além daquela de cada EU, portanto uma REALIDADE PSÍQUICA SUBJETIVA!

Mas, então, o que fazer com a mentira e o mentiroso? Não podemos culpar o mentiroso, justamente porque ele é compelido a mentir na medida em que precisa preservar sua própria REALIDADE PSÍQUICA. Caso contrário, todas as mães e avós, pais e avôs além dos professores e autoridades judiciárias, acadêmicas e políticas teriam que ser castigadas pelas suas cotidianas, sistemáticas e contingenciais mentiras, aprendidas quando ainda eram crianças por seus pais lhes afirmarem com total desfaçatez mentirosa as tremendas mentiras que todos ouvimos desde a mais tenra idade, as quais reproduzimos para as novas gerações sem nos percebermos PERVERSOS por isso.

Ora, ISSO é efeito de um TRAUMA! O TRAUMA que se repete em todas as gerações.

QUANDO FOI A ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ MENTIU NESTA SEMANA?

PARA QUEM? POR QUÊ?

Lembro, então, que o TRAUMA decorre de um SUSTO que acontece quando a criança é afetada por uma situação sexual. Temos medo e sexo aí.

Viu oh psicanalista? Você é quem falou em sexo!

OK, mas você sabe falar de sexo sem sexualizar essa sua fala?

Há quem diga que a psicanálise é pornográfica e que tudo para ela termina em SEXO. Então, pela TEORIA DO TRAUMA, o sujeito desavisado conclui que tudo começa em sexo e depois termina também em sexo, tal como uma cópula com medo.

Não! Diria o célebre padre midiático dos anos 80 e 90, POIS ISSO NÃO EXISTE, referindo-se a experiências pretensamente místicas que não passam de falhas da percepção.

Parece-nos, por vezes, que os idealistas pretendem que as pessoas pensam unicamente em trabalho, flores, céu, religião, movimentos afirmativos e ter filhos e consequentemente dão a entender que nesse espaço o desejo sexual não prevalece e que os famosos demônios interiores, aqueles INSTINTOS terríveis que mexem com a LIBIDO, são totalmente controláveis.

Viu seu psicanalista perverso? Basta ir a uma igreja e rezar, para que não haja espaço para esses demônios. Quem precisa de análise ou mesmo a mera psicoterapia? Basta rezar e juntar à reza alguma dessas curas, não somente aquela que induz um infeliz (ou infiel?) a abandonar hábitos perversos e outras tantas “curas” que eliminam o uso indevido dos instintos sexuais ou orais ou mesmo anais e até mesmo aquele hediondo desejo criminoso denominado COMPLEXO DE ÉDIPO, pois a VERDADE vos libertará! VERDADE?

Como o psicanalista não consegue perceber algo tão cristalino?

Você quer resposta? Ora, é porque ele só pensa em sexo!

PERVERSÃO dirá alguém, pois ninguém entra na Internet para admirar corpos humanos e se masturbar. Também ninguém investe em apresentar-se com aspecto que valorize suas características sexuais para cativar sexualmente outras pessoas. Realmente, ISSO NÃO EXISTE!

Será que devemos esperar que todo ser humano consiga reconhecer alguma coisinha da própria PERVERSÃO além de NEUROSE e também algumas LOUCURAS a mais presentes em suas vidas instintivas?

Devo confessar que a tendência é de FRUSTRAÇÃO PARCIAL devido à nossa experiência indicativa da RESISTÊNCIA SOCIAL à nossa clínica. RESISTÊNCIA De quem? Responda você, leitor, que até agora me tolerou ou pergunte a um de nossos críticos qual é a PSICOPATOLOGIA dele.

Penso que esses críticos devem ficar horrorizados ao ouvir ISSO, já que de acordo com a moral civilizada, defendida por tantas correntes ideológicas, todo homem civilizado somente olha com olhar angelical para qualquer mulher desejada, pois ele tem total aversão a qualquer propósito sexual, já que quando olha para uma mulher, suas LEMBRANÇAS ENCOBRIDORAS não induzem lembrar sua mãe, aquela senhora angelical que o pôs no mundo. Se ele assim não é, tem algo errado. Onde?

Também sabemos que as mulheres têm total horror a olhar entre as pernas dos homens, porque sentem aversão por essa visão. As mulheres que me leem, certamente estarão com uma pulga atrás da orelha! Ou em outro lugar!

Os argumentos dos idealistas, conforme estamos demonstrando, dizem-me que estou errado e que ninguém deseja fazer sexo pelo prazer, mas somente para procriar, como uma obrigação.

Parece-nos, até, que o correto é os homens não saberem o que fazer com o pênis e que o COMPLEXO DE CASTRAÇÃO é coisa feminina bem como que as mulheres não têm motivo para sentirem INVEJA DO PÊNIS. Consequentemente, cabe-me propor que nós homens olhamos para as belas mulheres porque queremos rezar com elas um Pai Nosso cada dia e que as mulheres querem adivinhar as qualidades masculinas meramente porque gostam de brincar jogos de adivinhação. ISSO não pode ser considerado sexo!

Ah, e quanto ao quê que o EU tem a ver com tudo D’ISSO? A resposta é tudo no início D’ISSO mas pode haver pouco no final, se houve ANÁLISE.

Credo! A psicanálise é realmente desconectada da realidade propondo que existe interesse por sexo além daquele que vemos nos autdoors e equivalentes D’ISSO.

Mas penso que posso encerrar de outro modo:

A psicanálise é realmente conectada à realidade, justamente por reconhecer o conflito entre o poder das forças instintuais e a repressão interna que a vida civilizada impõe aos infelizes seres civilizados, os quais gostariam de ser felizes mas não sabem como isso pode acontecer.

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Dr. Juan Adolfo Brandt

Economista e Psicólogo.

Psicanalista Titular: Instituto de Pesquisa em Psicopatologia e Psicanálise – IpePP Brasília

Individual Member of International Federation of Psychoanalytic Societies - IFPS

Mestre e Doutor em Psicologia Social pela USP