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Trabalhar em torno do foco da análise

Atualizado: 19 de jul. de 2018

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A obra Die Traumdeutung de Freud, título traduzido ao português como “A Interpretação dos sonhos”, é considerada inaugurante da psicanálise como campo de conhecimento. O termo “Deutung” pode ser traduzido como “explicação”, mas o sentido na obra freudiana leva a pensar em busca de sentido envolvendo pesquisa. 

Nela, o autor propõe construir a psicanálise tomando como referência o que pode ser feito com o material de um sonho a partir do trabalho de pesquisa e respectiva análise do conjunto de fatores que influenciaram a construção do mesmo sonho. Nesse sentido, são considerados os fatores intervenientes na vida do sonhador em sua atualidade bem como outros fatores que marcaram sua vida desde seus tempos infantis, além dos propósitos que estão norteando suas atividades cotidianas, envolvendo compromissos, necessidades, obsessões, angústias, frustrações ou sucessos.

Pela quantidade de fatores que influenciam na formação de sonhos, fica evidente que interpretar sonhos constitui uma atividade que requer um razoável conhecimento “do que se passa atualmente com o sonhador” bem como “do que se passou desde tempos primitivos com ele” e ainda, “o que ele está demandando atualmente”. 

O analista que se atreve a falar de um sonho sem ter acessado tais conhecimentos relativos ao sonhador, estará cometendo barbaridades e desqualificando a psicanálise além de desqualificar a si mesmo como analista. Reconhecer no sonho certos elementos relativos a um simbolismo universal permite pistas sobre o conteúdo latente do sonho, mas disso nada pode ser inferido a respeito da relação existente entre o campo simbólico e o caráter subjetivo que “escapa” do que é universal. Também não basta ao analista saber sobre o funcionamento do aparelho psíquico, porque é preciso que a relação desprazer-prazer receba sentido.

Na obra Erinnern, Wiederholen und Durcharbeiten, traduzida como “Recordar, repetir e elaborar”, Freud coloca a essência do propósito do trabalho de psicanálise no próprio título, no sentido de um trabalho em torno do que foi recordado e repetido. Pode-se afirmar que nesse texto está concentrada a técnica psicanalítica.  O termo “durcharbeiten” nos traz a idéia de que não adianta ter ocorrido a lembrança e sua repetição; é preciso que não se perca o foco no que foi lembrado e repetido, pois é aí, nesse espaço psíquico, que está a questão traumática que requer análise. Se está ocorrendo repetição é porque ainda falta análise, tal como o sintoma que se repete até quando não fizer mais sentido.

O sonho constitui um conteúdo como qualquer outro, mas é especial na medida em que condensa quantidade grande de conteúdos diversos e dispersos. Um sonho ao qual possa ser dedicado muito tempo pode possibilitar andamento aprofundado da  análise ao descortinar novas veredas antes desconhecidas por estarem inconscientes para o analisando e desconhecidas para o analista.

O psicanalista que consegue junto ao analisando, dedicar a um sonho o tempo de uma sessão, possivelmente terá a oportunidade de receber de seu consulente palavras indicativas de que sonhos ajudam sobremaneira a análise;  conseqüentemente, poderá receber mais sonhos para análise conjunta e a análise  poderá ser tremendamente enriquecida por essa oportunidade.  



Dr. Juan Adolfo Brandt

Economista e Psicólogo.

Psicanalista Titular: Instituto de Pesquisa em Psicopatologia e Psicanálise – IpePP Brasília

Mestre e Doutor em Psicologia Social pela USP

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